terça-feira, 5 de abril de 2011

Quem me dera perceber... como eles entram no meu computador a toda a hora.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Música no laboratório

Dollars and Cents

There are better things to talk about
Be constructive
Bear witness
We can use
Be constructive
With yer blues
Even he turn the water blues
Even you turn the water green

Why don't you quiet down
Why don't you quiet down
Why don't you quiet down
Why don't you quiet down

You don't live in a business world
You never go out and you never stay
We'll have goals in a liberal world
Living in times when I could stand it, babe
It's all over baby's crying,
All over the neighbors
I can see out of here
All over the planet’s dead
All over the planet, so let me out of here
All over the, all over the, all over the, all over the

(Why don't you quiet down)
(Why don't you quiet down)
(Why don't you quiet down)
(Why don't you quiet down)
we are the DOLLARS & CENTS
and the PoUNDS and Pence
the MARK and the YEN
We are going to crack your little souls
Radiohead
 
We are going to crack your little souls

we are the DOLLARS & CENTS
and the PoUNDS and Pence
and the PoUNDS and Pence
We are going to crack your little souls
We are going to crack your little souls
 
 
Esta é boa!

domingo, 26 de dezembro de 2010

Interessa-me


"Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus"

TABACARIA
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Álvaro de Campos -Tabacaria - excerto




Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta

Às vezes, em dias de luz perfeita e exacta,
Em que as coisas têm toda a realidade que podem ter,
Pergunto a mim próprio devagar
Porque sequer atribuo eu
Beleza às coisas.

Uma flor acaso tem beleza?
Tem beleza acaso um fruto?
Não: têm cor e forma
E existência apenas.
A beleza é o nome de qualquer coisa que não existe
Que eu dou às coisas em troca do agrado que me dão.
Não significa nada.
Então porque digo eu das coisas: são belas?

Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,
Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens
Perante as coisas,
Perante as coisas que simplesmente existem.
Que difícil ser próprio e não ser senão o visível!

                                        Alberto Caeiro




Hoje de manhã saí muito cedo

Hoje de manhã saí muito cedo,
Por ter acordado ainda mais cedo
E não ter nada que quisesse fazer...

Não sabia que caminho tomar
Mas o vento soprava forte, varria para um lado,
E segui o caminho para onde o vento me soprava nas costas.

Assim tem sido sempre a minha vida, e
Assim quero que possa ser sempre --
Vou onde o vento me leva e não me
Sinto pensar.

                    Alberto Caeiro

Quando é que o cativeiro

Quando é que o cativeiro
Acabará em mim,
E, próprio dianteiro,
Avançarei enfim?

Quando é que me desato
Dos laços que me dei?
Quando serei um facto?
Quando é que me serei?

Quando, ao virar da esquina
De qualquer dia meu,
Me acharei alma digna
Da alma que Deus me deu?

Quando é que será quando?
Não sei. E até então
Viverei perguntando:
Perguntarei em vão.

                  Fernando Pessoa
 
 
 
 
 
 
Segue o teu destino

Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.

               Ricardo Reis



Olhando o mar, sonho sem ter de quê

Olhando o mar, sonho sem ter de quê.
Nada no mar, salvo o ser mar, se vê.
Mas de se nada ver quanto a alma sonha!
De que me servem a verdade e a fé?

Ver claro! Quantos, que fatais erramos,
Em ruas ou em estradas ou sob ramos,
Temos esta certeza e sempre e em tudo
Sonhamos e sonhamos e sonhamos.

As árvores longínquas da floresta
Parecem, por longínquas, 'star em festa.
Quanto acontece porque se não vê!
Mas do que há pouco ou não há o mesmo resta.

Se tive amores? Já não sei se os tive.
Quem ontem fui já hoje em mim não vive.
Bebe, que tudo é líquido e embriaga,
E a vida morre enquanto o ser revive.

Colhes rosas? Que colhes, se hão-de ser
Motivos coloridos de morrer?
Mas colhe rosas. Porque não colhê-las
Se te agrada e tudo é deixar de o haver?

                 Fernando Pessoa


 
 
Durmo ou não? Passam juntas em minha alma

Durmo ou não? Passam juntas em minha alma
Coisas da alma e da vida em confusão,
Nesta mistura atribulada e calma
Em que não sei se durmo ou não.

Sou dois seres e duas consciências
Como dois homens indo braço-dado.
Sonolento revolvo omnisciências,
Turbulentamente estagnado.

Mas, lento, vago, emerjo de meu dois.
Disperto. Enfim: sou um, na realidade.
Espreguiço-me. Estou bem... Porquê depois,
De quê, esta vaga saudade?


                    Fernando Pessoa

 
Se penso mais que um momento

Se penso mais que um momento
Na vida que eis a passar,
Sou para o meu pensamento
Um cadáver a esperar.

Dentro em breve (poucos anos
É quanto vive quem vive),
Eu, anseios e enganos,
Eu, quanto tive ou não tive,

Deixarei de ser visível
Na terra onde dá o Sol,
E, ou desfeito e insensível,
Ou ébrio de outro arrebol,

Terei perdido, suponho,
O contacto quente e humano
Com a terra, com o sonho,
Com mês a mês e ano a ano.

Por mais que o Sol doire a face
Dos dias, o espaço mudo
Lambra-nos que isso é disfarce
E que é a noite que é tudo.

                Fernando Pessoa

Arte


Podemos atentar nas várias formas de arte que nos estão acessíveis e das quais temos mais ou menos conhecimento mas que nos permitem ter uma opinião. Contudo quantas vezes pensamos na capacidade de imaginação de um realizador de cinema, da tamanha sensibilidade de um poeta ou de o talento de um pintor.
  Analisando um excerto de Os afluentes do Silêncio de Eugénio de Andrade podemos tentar perceber como ele vê a sua própria arte. Diz que a poesia é o empenho total de um indivíduo em expressar o seu íntimo, a sua personalidade. Diz também que o poeta tem a coragem de unir o bom e o mau (presumindo que o leitor se identifica) e que há um sentido universal nas emoções. Revela também que procura simplificar e encontrar um equilíbrio, talvez para que o abismo entre a “luz e a sombra” seja atenuado e que consequentemente torne tudo mais verdadeiro e fiel.
 Num contexto mais particular, Picasso descreve também o que acha ser a essência da sua obra, das suas pinturas. Diz de forma simples que o seu objectivo foi sempre e acima de tudo exprimir o que ia dentro dele. A sua obra não é planeada e vai acontecendo naturalmente adquirindo uma vida própria, um comportamento que a ele tão-pouco interessa pois ele projectou o que sentia. Presume que alguns quadros de outros artistas são imaginados para depois serem feitos; no seu, ele usa a palavra destruições para a continuação que lhes dá.
Outra ideia curiosa é a definição de arte como uma mentira e nunca a verdade. Uma mentira que serve para nos ajudar a compreender a realidade, que surge como minimizadora das diferenças que existem entre quem somos na realidade e quem temos que ser para o exterior. Todavia assume que a compreensão da realidade nos está limitada.
Podemos então concluir que o artista pretende, em primeiro lugar diminuir a solidão de só ele conhecer o seu íntimo e apelar ao menos superficial do seu público. Sente-se na verdade esta união dos artistas na vontade de exteriorizar o que lhes vai na alma. Eles conseguem-no através das obras que deixam á disposição dos demais para com elas nos identificarmos mais ou menos.
 Eugénio de Andrade
Pablo Picasso

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

operações de análises

A decantação serve para separar dois líquidos imiscíveis (que não se misturam como o óleo e a água). A filtração permite a separação de partículas sólidas num líquido. A centrifugação acontece por meio de força centrífuga e permite a separação de partículas mais pequenas num líquido. A sedimentação permite separar por gravidade vários produtos, o mais pesado sedimentará primeiro. Este é um processo mais demorado. A extracção permite “limpar” um líquido das impurezas e pequenas partículas ou fazer o isolamento de substâncias, ou seja, as partículas estão numa solução e adiciona-se um 2º solvente conhecido onde essas partículas se tornem mais solúveis. Este 2º solvente tem de ser imiscível com o primeiro. Este processo é feito através de agitação. A secagem não é bem um processo de separação. O que se pretende com ela é retirar a humidade de um produto tornando-o seco como os frutos secos). Pode ser feita em muflas, estufas e exsicadores, as muflas e estufas actuam por meio de calor e o exsicador funciona com um exsicante (como a sílica-gel) que permite absorver a humidade.
Por fim a destilação, mais comummente utilizada e conhecida (no álcool etílico por exemplo) consiste na vaporização de substâncias permitindo obter em primeiro lugar a substância que evapora mais rapidamente, a uma temperatura menos elevada e seguidamente as substâncias que volatilizam mais tarde.