domingo, 26 de dezembro de 2010

Arte


Podemos atentar nas várias formas de arte que nos estão acessíveis e das quais temos mais ou menos conhecimento mas que nos permitem ter uma opinião. Contudo quantas vezes pensamos na capacidade de imaginação de um realizador de cinema, da tamanha sensibilidade de um poeta ou de o talento de um pintor.
  Analisando um excerto de Os afluentes do Silêncio de Eugénio de Andrade podemos tentar perceber como ele vê a sua própria arte. Diz que a poesia é o empenho total de um indivíduo em expressar o seu íntimo, a sua personalidade. Diz também que o poeta tem a coragem de unir o bom e o mau (presumindo que o leitor se identifica) e que há um sentido universal nas emoções. Revela também que procura simplificar e encontrar um equilíbrio, talvez para que o abismo entre a “luz e a sombra” seja atenuado e que consequentemente torne tudo mais verdadeiro e fiel.
 Num contexto mais particular, Picasso descreve também o que acha ser a essência da sua obra, das suas pinturas. Diz de forma simples que o seu objectivo foi sempre e acima de tudo exprimir o que ia dentro dele. A sua obra não é planeada e vai acontecendo naturalmente adquirindo uma vida própria, um comportamento que a ele tão-pouco interessa pois ele projectou o que sentia. Presume que alguns quadros de outros artistas são imaginados para depois serem feitos; no seu, ele usa a palavra destruições para a continuação que lhes dá.
Outra ideia curiosa é a definição de arte como uma mentira e nunca a verdade. Uma mentira que serve para nos ajudar a compreender a realidade, que surge como minimizadora das diferenças que existem entre quem somos na realidade e quem temos que ser para o exterior. Todavia assume que a compreensão da realidade nos está limitada.
Podemos então concluir que o artista pretende, em primeiro lugar diminuir a solidão de só ele conhecer o seu íntimo e apelar ao menos superficial do seu público. Sente-se na verdade esta união dos artistas na vontade de exteriorizar o que lhes vai na alma. Eles conseguem-no através das obras que deixam á disposição dos demais para com elas nos identificarmos mais ou menos.
 Eugénio de Andrade
Pablo Picasso

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